Foto: Reprodução Youtube STF
O tenente-coronel Mauro Cid confirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve acesso direto a uma minuta de decreto golpista e chegou a sugerir alterações no texto, que previa a anulação das eleições de 2022.
Cid foi o primeiro réu ouvido pelo STF no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. Em delação premiada, ele afirmou que Bolsonaro "enxugou" a minuta, removendo trechos que determinavam a prisão de diversas autoridades — mantendo apenas a ordem contra Moraes.
"Somente o senhor ficaria como preso. O resto...", relatou Cid, arrancando uma resposta irônica de Moraes: "O resto foi conseguindo um habeas corpus".
Ao ser questionado se reconhecia como verdadeira a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Cid disse ter presenciado os fatos, embora negue participação direta: "Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei".
Sobre os áudios vazados pela revista Veja, em que critica a Polícia Federal e o STF, Cid alegou que foram desabafos em um "momento difícil" pessoal e familiar, sem caráter oficial. Ele reafirmou que não houve qualquer tipo de coação por parte das autoridades no âmbito da colaboração.
A declaração desmonta a narrativa usada por aliados de Bolsonaro para pedir a anulação da delação, sob alegação de pressão da PF. Segundo Cid, o que existia era uma diferença de perspectiva sobre os fatos: "Eles tinham uma linha investigativa, e eu tinha outra visão".